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PROJETO DE EXTENSÃO QUE DESENVOLVEMOS


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PROJETO MISTICIÊNCIA


RESUMO:

O Projeto de Extensão “Tarô & Ciência” ou “Misticiência” pretende utilizar o Instagram para divulgação científica dos estudos acadêmicos sobre essa prática mística. Além disso, visa criar um mecanismo (questionário online) para colher a representação dos adeptos que seguirem a página sobre sua relação com esse tipo de oráculo enquanto sujeitos consulentes motivados pela vivência da atual pandemia de Covid 19, a fim de disponibilizar os resultados para reflexão e apoio aos seguidores do projeto na rede social.

JUSTIFICATIVA – Em tempos de pandemia as práticas místicas proliferam. Historicamente é possível constatar essa realidade documentada fartamente desde a Peste Negra, entre 1347 e 1351, que devastou a população da Eurásia. “Em outubro de 1347 uma frota genovesa chegou ao porto de Messina. Toda a tripulação já estava morta ou morrendo, trazendo consigo a enfermidade do Oriente. Apesar dos esforços para conter aos infectados, não eram eles, senão os ratos e pulgas que carregavam a peste, e eles saíram da frota e invadiram a cidade. Depois de vários dias a pestilência se propagou pela cidade e suas regiões vizinhas. Em outros portos da Europa e do Norte da África ocorreu o mesmo. E assim começou o pior brote epidêmico da peste que devastou a Europa de 1347 a 1351, matando quase um terço ou mais de sua população (entre 20 a 50%, não se sabe com certeza) devido a uma combinação entre a peste bubônica, a pneumonia e a septicemia”. (DE SOUZA,  Carla Jouan Dias Angelo. Muerte y representación en la Edad Media: consideraciones sobre la imagen, la iconografía de la muerte y la influencia de la Peste Negra en el surgimiento de los temas macabros. De Medio Aevo 12, 2018: 239-2582018, 249). A forma mais acessível que os historiadores têm encontrado para estudar esse corolário dos cenários epidêmicos é por meio da iconografia. Ou seja, a produção cultural da época.

A atual pandemia, resultante da infecção causada pelo coronavírus, que gera a doença chamada de Covid 19, foi reconhecida pela OMS (Organização Mundial de Saúde) no dia 11 de março de 2020, em pleno cenário cultural da sociedade do conhecimento, caracterizada pela nova fronteira cultural da humanidade, a chamada cibercultura. Uma observação atenta das manifestações da cibercultura poderá determinar em que medida a vivência da atual pandemia está contribuindo para o recurso generalizado a práticas místicas. Como pesquisadores acadêmicos de um tipo específico de misticismo, a Cabala, interessa a proposição de uma ação de extensão que beneficie o público que demonstra essa sensibilidade aguçada devido ao contexto atual. Tendo em vista a imensa variedade desse tipo de costumes ancestrais, decidimos nos concentrar em uma prática de fundo místico amplamente difundida entre todas as classes sociais e níveis culturais, qual seja, a consulta às cartas do Tarô.

Uma pesquisa genérica com a Ferramenta de Pesquisas Google, a partir da palavra escrita em português, Tarô, resulta inicialmente no quantitativo de 3.460.000 (três milhões, quatrocentos e sessenta mil) referências. Se recorrermos ao termo como é grafado, tanto em inglês quanto em espanhol, “tarot”, o número salta para 200.000.000 (duzentos milhões) de resultados. Se recorrermos ao Website de divulgação de vídeos, o YouTube, os números de alguns canais brasileiros dedicados a essa prática secular nos dão uma ideia do interesse que essa desperta no país. Um quadro geral dos mais requisitados pelo público interessado: O Canal Maktub do Taro, com 306 mil inscritos, foi lançado há cerca de um ano, o Oraculista Velda, O Tarot Responde, com 206 mil inscritos, foi lançado há cerca de dois anos. Logo abaixo desses em número de seguidores, encontramos o Canal Ilumina Tarot, que registra 193 mil inscritos e já publicou centenas de vídeos. Já o Arcanos Lunar Tarot, atingiu a marca próxima de 192 mil inscritos e cada vídeo publicado é assistido por muitos aficionados registrando, geralmente, acima de 50 mil visualizações. O Canal Meditação e Tarot, conta com 162 mil inscritos, tendo publicado dezenas de vídeos.

Em comum, esses canais acima mencionados, apresentam uma apropriação popular do Tarô, geralmente girando em torno de questões amorosas. Já o Canal Nilton Schutz, com 174 mil inscritos, tem registrado em alguns vídeos centenas de milhares de visualizações e está na plataforma YouTube há quatro anos e se destaca por uma abordagem mais densa e abrangente dos Arcanos do Tarô. Para exemplificar a disseminação do Tarô na rede social com a qual o projeto pretende trabalhar, o Instagram, iniciamos apresentando a conta em inglês que registra os maiores números, a The Moon Tarot, que se distingue com 616 mil seguidores. Sob o nome de Grace Selene, a taróloga oferece leituras da energia do dia, usando o tarô, juntamente com mensagens contemplativas, postadas diariamente. A conta explora também numerologia e disponibiliza previsões energéticas para a semana. Tal assiduidade e disponibilidade das mensagens diferencia a página de outras contas no Instagram. Também se nota presente na descrição um link com a opção de compra de uma "leitura intuitiva do Tarot para trazer foco no mês a frente e realçar os temas energéticos". Em português, as páginas do Instagram que se destacam são gratidao.transforma, com 221 mil seguidores; tarotmecontou, com 124 mil seguidores; taroteamor, com 123 mil seguidores; igorreale, com 77,3 mil seguidores e tarodascelebridades, com 63,2 mil seguidores. O que se destaca nesse grupo nacional de perfis dedicados ao Tarô é a superficialidade das abordagens, a relação com a astrologia e o caráter comercial do que os tarólogos se propõem realizar no espaço cibernético. Na verdade, alguns dos perfis com grande número de seguidores, mantidos por pretensos(as) “tarólogos(as)”, dedicam a maioria de suas postagens a pequenas mensagens motivacionais ilustradas, sem relação alguma com o Tarô. Essa é apenas uma amostragem, sem fins estatísticos, para demonstrar a natureza da abordagem predominante e, sobretudo, o quão disseminado está esse costume de consulta aos Arcanos do Tarô entre os usuários do espaço cibernético. Pela predominância de abordagens superficiais e populares do Tarô no espaço cibernético fica evidente o desconhecimento de seu público dos estudos científicos e acadêmicos sobre o Tarô, desenvolvidos em diversas Universidades ao redor do mundo. Em função disso, o objetivo principal do Projeto de Extensão é apresentar para os adeptos do Tarô como diversos campos científicos abordam essa prática de autoconhecimento, para alguns divinatória, a que recorrem e privilegiaram durante a experiência atual de pandemia. Além disso, visa também abrir espaço para a reflexão de um amplo público interessado sobre as possibilidades de validação mínima do Tarô pelo conhecimento científico e compartilhar as experiências vividas por seus adeptos durante o período da atual pandemia de Covid 19.




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